Segredos Dos Bastidores de Xena: A Princesa Guerreira
Quem não lembra de "Xena – A Princesa Guerreira", sucesso na televisão brasileira na metade da década de 1990? A série estreou em dia 4 de setembro de 1995 nos Estados Unidos e logo virou sucesso em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.
A produção ficou no ar até 2001, mas até hoje é lembrada pelos fãs. A atração narrava as aventuras da ex-assassina Xena, que procura redenção para compensar seu passado sangrento. O sucesso foi tanto que a protagonista Lucy Lawless virou referência e, após o final da série, seguiu sendo chamada para grandes produções.
Para a alegria dos fãs da série, separamos algumas curiosidades de bastidores.
Xena morreria no terceiro episódio

Xena começou com uma participação especial em "Hércules". A ideia inicial era que a personagem morresse ao final do terceiro episódio.
Mas os produtores e diretores Rob Tapert e John Schulian, junto com seus colegas, ficaram tão impressionados com a personagem que resolveram lançar uma série especial só para ela. E a aceitação do público não poderia ser melhor. "Xena – A Princesa Guerreira" foi uma das séries de maior sucesso da televisão, tendo sido exibida em cerca de 108 países ao redor mundo.
Um ícone

Xena nasceu como uma vilã, mas acabou se tornando parceira de Hércules nas batalhas contra os malfeitores. A repercussão da personagem foi tão boa que os produtores resolveram criar um programa com o seu nome. No Brasil, a série ganhou fama através do SBT, com passagem posteriormente pela Record TV.
O programa durou seis anos e virou referência em vários quesitos. Até hoje Xena é apontada como responsável por uma mudança nos gêneros de ação e aventura e como pioneira em uma nova fase de mulheres em papéis de ação. Além disso, a personagem passou a ser considerada um ícone feminista.
Lucy Lawless não era a primeira escolha

Lucy Lawless já havia aparecido em "Hércules" duas vezes - em dois papéis diferentes - quando os produtores começaram a cogitar a atriz para viver Xena. Uma atriz britânica chamada Vanessa Angel chegou a ser contratada, mas adoeceu antes mesmo de entrar no set. Sem a primeira opção, eles entraram em contato com Roma Downey, que havia anteriormente feito teste para interpretar o papel, mas ela recusou.
Foi então que Tapert decidiu por Lawless. Curiosamente, os dois se casaram em 1998.
O desabafo de Kevin Sorbo

O musculoso Kevin Sorbo não ficou totalmente feliz com a visibilidade dada a Xena. Anos depois, ele mostrou certa decepção por "Hércules“ ter perdido as atenções para o spinoff "Xena, a Princesa Guerreira".
"Eu nunca entendi por que [Tapert] a tornou realmente mais poderosa que Hércules", disse. "Hércules deveria ser a pessoa mais forte do mundo e um semideus. Eles fizeram o mesmo dela e ainda com outras habilidades. Eu achei isso estranho", desabafou. Após "Hércules" ter sido cancelado, o ator seguiu trabalhando, mas nunca mais conseguiu um papel de tamanha repercussão. Sorbo fez participações especiais em algumas séries até estrelar “Andromeda”, criada por Gene Roddenberry, produzida entre 2000 e 2005. Entre 2006 e 2007 ele interpretou Frank Atwood, na série “O.C. – Um Estranho no Paraíso”. De lá para cá, Sorbo estrelou outras produções menores.
Lawless caiu do cavalo

Em outubro de 1996, a atriz Lawless esteve nos Estados Unidos para participar do programa de Jay Leno, o "Tonight Show," no qual deveria fazer sua entrada a cavalo. A cena já havia sido gravada duas vezes e na terceira tentativa o cavalo acabou escorregando. Lucy fraturou a pélvis e teve de ficar afastada das gravações de Xena
Com a segunda temporada já em andamento, os produtores da série tiveram que procurar maneiras de continuar filmando enquanto a atriz se recuperava. Um dos truques que eles usaram foi que o espírito de Xena "possuía" o corpo de outros personagens, como Callisto (Hudson Leick) e Autolycus (Bruce Campbell). Embora o acidente tenha sido grave - Lawless teve que reaprender a andar -, teve um efeito positivo: a atriz ganhou maior visibilidade nos Estados Unidos, trazendo maior atenção ao programa.
Os hindus desaprovaram a série

A linha do tempo de Xena era alegremente anacrônica, misturando a mitologia grega com várias culturas e religiões. Mas quando o programa mergulhou nas crenças indianas, mais precisamente nos episódios que o deus Krishna é conjurado para salvar Gabrielle, os hindus não viram com bons olhos.
Eles protestaram contra a Universal, exigindo que tais episódios fossem retirados do ar. A Universal cedeu, mesmo os fãs de Xena alegando censura. Para apaziguar todas as partes, algumas partes foram editadas. Além disso, Laweless fez uma pequena introdução dizendo que a série tentou mostrar essa religião com todo o respeito do mundo.
Mensagens engraçadas nos créditos

Podemos dizer que Xena foi uma das pioneiras a fazer piadas nos créditos finais de cada episódio. Liz Friedman, uma executiva da Renaissance Pictures, teve a ideia depois de ver algumas cenas de "Hércules", desejando poder mencionar que nenhum centauro havia sido ferido.
Xena logo começou a mandar mensagens aos telespectadores no final de cada episódio: "Apesar do incessante arremesso de Gabrielle, o navio de Ulysses não foi prejudicado durante a realização deste filme", "Nenhuma harpia foi prejudicada na produção deste episódio", "Nenhum cavalo de bambu de estilo polinésio de grande porte foi prejudicado durante a produção deste filme. No entanto, muitas cadeiras de vime deram suas vidas".
Poseidon foi criado apenas para os créditos

Se você voltar e assistir os créditos iniciais de Xena, notará que, em determinado momento, o senhor dos mares, Poseidon, emerge das águas e fica sobre nossa heroína. Olhando para trás, não é o melhor trabalho de efeitos especiais que já criaram, mas na época foi bastante impressionante.
Quando o programa foi ao ar pela primeira vez, muitos se perguntaram quando o poderoso Poseidon faria sua grande entrada. Mais tarde, foi revelado que ele havia sido criado apenas para os créditos e não estava programado para aparecer na série. Muitos fãs exigiram uma história adequada para Poseidon, que acabou aparecendo em dois episódios da segunda temporada.
Xena e Gabrielle com final indefinido

Sobre a relação entre Xena e Gabrielle (Renée O'Connor), houve alguns problemas com os executivos da série. Foi criada uma grande expectativa e muitas pessoas acreditavam que as duas personagens assumiriam um relacionamento amoroso. Mas isso não foi visto com bons olhos pela Universal.
Eles disseram a Rob Tapert que, se a relação das duas personagens acontecesse de fato, a série até poderia ter um grande aumento de audiência, mas logo teria uma queda e perda total de interesse. Por essa razão, o relacionamento das duas personagem nunca foi totalmente esclarecido.
Repercussão nos bastidores

O clamor dos fãs de "Xena: A Princesa Guerreira" pelo romance entre a protagonista e Gabrielle não foi ignorado pelos produtores da série durante suas temporadas originais – eles só não podiam mostrar o que realmente queriam. Para as atrizes, isso ficou claro desde o início.
"Nós sabíamos bem que estávamos em uma série de TV aberta", disse Renee O'Connor, intérprete de Gabrielle, à "Entertainment Weekly". “Então sempre que Rob [Tapert, produtor e co-criador] queria ir um pouco mais longe com a relação entre Xena e Gabrielle, ele sabia que tinha que trabalhar dentro de determinados limites”, completou.
Rob Tapert cita os motivos

O produtor e diretor Rob Tapert também falou sobre o assunto com certa decepção. "O estúdio estava tão preocupado de que a série seria vista como uma história 'de lésbicas' que não nos permitiu colocar Xena e Gabrielle juntas na mesma cena durante a abertura!", comentou.
Tapert ainda citou outro motivo pelo qual o romance entre as duas nunca foi concretizado. "Nós tínhamos Ares, feito por Kevin Smith, como um personagem recorrente, e não queríamos abrir mão da relação que ele tinha com a Xena, porque adorávamos contar histórias desses dois", disse. “Mesmo que adorássemos Xena e Gabrielle como amigas, como confidentes íntimas, até como amantes, nós não queríamos desistir de Ares”, finalizou.
Poucas mulheres

Mesmo se tratando de uma série com temática feminina, poucas mulheres tiveram a oportunidade de ficar atrás das câmeras. Dos mais de 100 episódios de programa, apenas cinco foram dirigidos por mulheres (duas delas por Renée O'Connor).
O co-produtor executivo Eric Gruendemann disse ao "Los Angeles Times" que eles tinham a intenção de inserir mais mulheres, mas não encontraram candidatas qualificadas e com experiência em séries de ação e efeitos visuais. "Nos sentimos mal com isso, mas não somos culpados porque tentamos", esclareceu Gruendemann.
Mulher Maravilha deveria ter aparecido na série

O encontro entre Xena e a Mulher Maravilha quase aconteceu quando a Dc Comics firmou um acordo com a Dark Horse Comics (editores das aventuras ilustradas de Xena) para produzir um crossover.
Segundo o escritor Beau Smith, o projeto foi parcialmente elaborado antes que a DC decidisse que o cancelamento de Xena em 2001. O projeto logo foi descartado; Lawless mais tarde dublou Wonder Woman para um filme de animação da Liga da Justiça de 2008.
Lucy Lawless pós Xena

Após ficar famosa com o papel, Lucy Lawless virou uma das atrizes mais requisitadas para séries. Seu último trabalho como atriz foi no seriado "Ash vs. Evil Dead" (2016), interpretando a personagem Ruby. Antes disso, ela já havia feito grande sucesso na pele de Lucretia, uma das vilãs de "Spartacus", também produção da Starz.
Ela também fez participações em séries como "Two and a Half Men", "Arquivo X", “The L Word”, além de filmes como “Homem-Aranha” e “Um Faz de Conta que Acontece”.
Lucy Lawless fora de cena

A atriz é casada desde 1998 com o produtor-executivo Robert Tapert, seu segundo marido. Seu primeiro casamento foi com um namorado de escola, Garth Lawless, com quem ficou de 1988 a 1995. O ex-casal teve uma filha, Daisy Lawless. Com Tapert, Lucy tem dois filhos e ainda sofreu um aborto espontâneo em 2001.
Outro fato interessante sobre a vida de Lucy Lawless é seu envolvimento em causas ambientais. Ela, inclusive, acabou presa em 2012, após invadir um navio perfurador da Shell. A atriz estava acompanhada de mais seis voluntários do Greenpeace, que ficaram 77 horas na embarcação como protesto na Nova Zelândia. Em depoimentos na época, Lucy contou que batalhava para salvar o Oceano Ártico.
Renee O'Connor

Renee O'Connor ganhou grande visibilidade no papel de Gabrielle, tornando-se uma celebridade mundial e ganhando milhões de fãs ao redor do mundo. As gravações de "Xena, a Princesa Guerreira" terminaram em junho de 2001, mas a artista seguiu em evidência. Depois da famosa série, ela fez "Alien Apocalypse" (2005,) “Ghost Town – The Movie” (2008) e “Moby Dick” (2010).
Produtora, diretora, roteirista, dublê e artista plástica, Renee O'Connor segue trabalhando, ainda que seja no âmbito independente.
Renee O'Connor também não era a primeira opção

Assim como Lucy Lawless, a atriz Renee O'Connor também não era a primeira opção para o papel que ganhou. A diretora de elenco, Beth Hymson-Ayer, selecionou centenas de garotas que poderiam se sair bem como Gabrielle. Dessas, 50 foram mandadas para falar com os produtores, e sete delas tiveram a chance de fazer o teste, entre elas, Renée O'Connor e Sunny Doench.
Renée O’Connor rapidamente se destacou entre as demais, devido ao seu currículo considerável. Todos acharam que ela seria uma ótima escolha, uma vez que já tinham Lucy Lawless para acrescentar o fator "beleza e sensualidade" e queriam uma atriz com mais experiência, já que estavam inseguros com a atriz escolhida para o papel principal até então. Tudo parecia perfeito, até que a Universal contestou a escolha.
Ela conseguiu o papel!

Segundo os chefões da Universal, Renée não era "bonitinha" o suficiente para a série. Eles então deram preferência a Sunny Doench, considerada mais atraente.
Mas para surpresa de todos, ela acabou recusando o papel, porque não queria se mudar para Nova Zelândia e deixar o namorado no Reino Unido. Sem outra opção viável, a Universal foi obrigada a ceder e eles escalaram Renee O'Connor. Ainda bem!
Sem sequência

Em 2015, ano em que "Xena – A Princesa Guerreira" completou 20 anos, começaram a circular boatos de que a NBC estava planejando um reboot da série. Mas Lawless tratou de desmentir os boatos em sua conta do Twitter.
"Desculpe, amigos! Notícias sobre o reboot de Xena são apenas rumores. Eu adoraria que acontecesse um dia, mas ainda está num estágio de desejo", escreveu o diretor e produtor na época. Em 2017, novos rumores de surgiram. A sequência já era dada como certa, mas foi descartada novamente pela emissora norte-americana. "Nada está acontecendo agora. Olhamos para o material e decidimos que não faremos o reboot", disse Jennifer Salke, presidente de entretenimento da emissora.
Um dos primeiros fóruns criados por fãs

Quando a série foi lançada no final de 1995, poucas pessoas já tinham acesso à internet em casa. A rede mundial de computadores ainda era um conceito relativamente novo e as pessoas estavam apenas começando a entender os recursos da tecnologia.
Mesmo sendo um mundo novo, os fãs de Xena descobriram que a internet lhes permitia discutir o programa com outros fanáticos por todo o mundo. Um fórum foi criado para comentar cada episódio e falar sobre seus personagens e histórias favoritas. Foi um dos primeiros grandes grupos de fãs da Internet. Centenas de milhares de fãs se envolveram ao longo dos anos, com várias convenções de fãs de Xena realizadas em todo o mundo.