Curiosidades Sobre o Filme Cidade de Deus
Já vamos mandando a primeira curiosidade: O verdadeiro protagonista de Cidade de Deus é o lugar. E para contar a história desse lugar, o filme passa pela vida de diversos personagens, todos vistos sob o ponto de vista do narrador, Buscapé.
O filme, que retrata o crescimento do crime organizado na comunidade, ainda é bem atual. Infelizmente. Porém, faturou inúmeros prêmios, disputou o Oscar, está listado entre os maiores filmes de todos os tempos e é um marco do cinema nacional. Veja a seguir algumas curiosidades interessantes!
Escolhas

Para começar, o elenco. Você sabia que os atores do filme foram descobertos por uma equipe de seis pessoas que se dividiu em duplas para percorrer várias favelas da cidade do Rio de Janeiro, como Rocinha, a própria Cidade de Deus, Chapéu Mangueira, Vidigal e Dona Marta, entre outras? Mas também passaram por algumas escolas de teatro amador e outras instituições.
Iniciantes

Fernando Meirelles queria que o elenco fosse composto de pessoas que nunca antes haviam atuado e atores profissionais que não fossem conhecidos. Um desses era o ator Matheus Nachtergaele, que tinha visto em um vídeo. Só que enquanto trabalhava no roteiro, Nachtergaele se tornou uma grande estrela por conta do filme "O Auto da Compadecida". Meirelles não gostou, mas ele prometeu que “desapareceria” no papel de Sandro Cenoura de modo a não distrair o restante do filme. Nachtergaele mudou-se para a verdadeira Cidade de Deus e viveu lá por três meses para se preparar para o papel.
Um trabalhão

E por conta desse desejo do diretor, a seleção e a preparação dos atores deu um trabalho enorme para a produção. Foram filmadas mais de duas mil entrevistas; uma pré-seleção escolheu os 400 melhores; e, ao fim dos testes, ficaram só 200. Guti Fraga deu aulas de interpretação e Fátima Toledo preparou os atores principais. Ufa!
Oscar

Você sabia que Cidade de Deus foi apenas o 3º filme do diretor Fernando Meirelles? Antes, ele havia apenas dirigido Menino Maluquinho 2: A Aventura e Domésticas. Meireles, com apenas 3 filmes, recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor em 2004 por seu trabalho neste longa.
Problemas políticos

E a locação? Quando a produção descobriu que o conjunto Nova Sepetiba era semelhante à Cidade de Deus dos anos 60, pediu autorização para filmar no lugar ao então governador Anthony Garotinho. Inicialmente, ele hesitou por temer que comparassem sua empreitada à de Carlos Lacerda – e era mesmo, mas no fim acabou autorizando.
Oração

Você sabia que a cena em que a quadrilha faz uma oração não estava no roteiro? Durante a filmagem um jovem rapaz, que costumava estar em uma gangue de verdade, perguntou o diretor Fernando Meirelles, se o grupo não iria orar como sempre fizeram antes de qualquer confronto importante com os inimigos. Meirelles perguntou-lhe como seria a oração e filmou a cena. É mais ou menos o bandido pedindo proteção divina para seus crimes. Entendeu?
De verdade

Ele existe mesmo! Mas não é negro e seu apelido não é Buscapé. O fotógrafo free-lancer José Wilson dos Santos, 41 anos, é a versão em carne e osso do personagem-narrador do filme campeão de bilheteria Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles e Katia Lund. Na realidade, muitas cenas vistas na tela foram vividas por Santos, como as tentativas frustradas de se tornar assaltante depois de planejar com um amigo os roubos de um ônibus, de uma lanchonete e de um motorista.
Nada de X-9

A ficção também copiou a realidade no episódio em que Buscapé é demitido do supermercado onde trabalhava, sob a acusação de conivência com assaltantes da favela que limparam as prateleiras. “Eu não quis identificar ninguém e me mandaram embora”, recorda José Wilson dos Santos. Nos becos da favela, ele conheceu os chefões do tráfico retratados no filme: Mané Galinha, Zé Pequeno e Bené. Contou, então, suas histórias a Paulo Lins, autor do livro que deu origem ao filme. A este material, Lins adicionou o tempero da imaginação e criou Buscapé.
Esqueceu?

Apesar da atrapalhada tentativa de ingressar na vida do crime e da demissão do supermercado, José Wilson dos Santos lembra que o Buscapé de Cidade de Deus é bem diferente da sua trajetória real. “O Paulo Lins usou muitas histórias que contei para ele, mas o Buscapé é um personagem de ficção. Saiu da cabeça dele.” O fotógrafo gostou do livro, achou o filme bem-feito, mas reclama do esquecimento. “Não recebi sequer convite para a pré-estreia e não sou citado nos créditos. Faltou consideração”.
Jogo duro

É gente, o Brasil nunca foi um país para principiantes. Como muitos dos figurantes não tinham telefone em casa (em plenos anos 2000 a democratização das comunicações estava apenas começando), a produção do filme enviava telegramas a todos avisando dia, hora e local das filmagens. Na época, os correios brasileiros ainda funcionavam direito, e nas oito semanas de trabalho, não houve um problema sequer de ator que não apareceu na hora e no lugar combinados.
Cheio de samango!

Gírias são como a moda: Volta e meia as antigas ressurgem das cinzas então se você não entender algumas, espere que em breve voltarão a uso! O filme recupera gírias típicas dos anos 60, época em que a Cidade de Deus foi criada para abrigar favelados vindos principalmente da Praia do Pinto: à pamparra (o mesmo que às pampas, em quantidade), samangos (como os policiais eram chamados) e bicho-solto (bandido) são algumas delas.
Favela

Quem mora na capital fluminense deve saber, mas se você não é, saiba que Cidade de Deus é o nome de uma favela de verdade localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Criado originalmente como um bairro nos anos 60, pelo governador Carlos Lacerda, para receber moradores de favelas, principalmente da Praia do Pinto, foi pouco a pouco sendo descaracterizado e destruído pelos próprios moradores.
Perigo

Popularmente conhecido por CDD, a Cidade de Deus é considerada faz tempo uma das regiões mais perigosas da cidade, devido a constantes confrontos entre criminosos. A região era um sub-bairro que pertencia a Jacarepaguá, mas por decreto municipal, foi desmembrada e tornou-se oficialmente o bairro Cidade de Deus. Sabia que seguindo o nome do bairro, as suas ruas receberam nomes inspirados na Bíblia: Israel, Rubens, Jessé etc.?
Montador

Essa você não sabia! O diretor Fernando Meirelles, além das apostas no elenco novato, apostou em um montador praticamente inexperiente, o jovem Daniel Rezende ainda não tinha muita experiência no cinema, mas ganhou um voto de confiança. O resultado todo mundo já sabe: uma das melhores montagens narrativas de todos os tempos no cinema nacional.
Que pena!

E como nem tudo são flores, a vida dessa vez acabou imitando a arte e o ex-ator Ivan da Silva Martins, que atuou no filme na pele de um dos integrantes do bando de Zé Pequeno, acabou se tornando criminoso na vida real, após 15 anos de sua atuação. Ele roubou um carro na Barra da Tijuca em 2001, logo após as gravações do filme e em 2017 constava como foragido.
Mesmo com oportunidades

Após ser pego e cumprir a pena pelo delito, ele tentou roubar uma joalheria e foi preso novamente. Depois disso, foi fichado por ameaça e formação de quadrilha. Após cinco passagens criminais, deixou de ser conhecido como Ivanzinho, como era na época da atuação, e passou a se chamar “Ivan, o Terrível”, segundo a sua ficha policial. Em 2013, falou que estava preso quando o filme foi lançado, em 2002: “Eu saí da cadeia um dia antes do meu aniversário, e a primeira coisa que eu fiz foi reunir a minha família e assistir ao filme porque eu não tinha assistido”.
Bom mesmo!

Você sabia que Cidade de Deus, é o único representante brasileiro em uma lista que reúne os cem melhores filmes do século 21? Pois a seleção foi elaborada pela BBC americana e contou com as avaliações de 177 críticos de cinema ao redor do mundo, entre colaboradores de sites, revistas e jornais, acadêmicos e curadores de cinema. O longa de 2002, foi indicado a quatro categorias do Oscar e aparece na 38ª posição da lista, que inclui títulos como O Pianista, de Roman Polanski, Dez, de Abbas Kiarostami, e O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese.
Zé Pequeno

Você sabia que Leandro Firmino, o Zé Pequeno, realmente morava na Cidade de Deus e não tinha ambições de ser um ator? Ele só foi para os testes para ajudar a manter a empresa de um amigo e, principalmente, porque soube que tinha mulheres lá. Alexandre Rodrigues também viveu na Cidade de Deus. E o bandido Dadinho, depois Zé Pequeno, existiu mesmo, era esse aí da foto!
A galinha

Com a cena de perseguição a uma galinha, que fugiu de ser sacrificada em uma festa na favela, somos apresentados ao grupo de Zé Pequeno e ao menino Buscapé, protagonista da história. O mais legal disso tudo é que essa cena faz parte de um outro momento do filme. Uma curiosidade é que nos momentos em que vemos a câmera bem próxima à galinha, ela (a câmera) estava presa a um cabo de vassoura. Outra curiosidade é que o personagem Mané Galinha é o cantor Seu Jorge. O quê? Não viu o filme ainda? Procure e não deixe de assistir, já que é um marco do cinema nacional!