As Regras Mais Difíceis Para Um Árbitro De Futebol
O árbitro é a autoridade máxima dentro de campo. Cabe a ele controlar a partida e fazer com que as regras do jogo sejam cumpridas, o que nem sempre é tarefa fácil. Na verdade, essa é considerada a função mais difícil e polêmica dentro do futebol.
A pressão por parte da torcida, jogadores e treinadores é enorme em cima deles. Mas muitos esquecem que os árbitros precisam tomar decisões complicadas e até mesmo decisivas para o resultado da partida em fração de segundos. Embora o juiz tenha a ajuda de assistentes, além do auxilio do VAR em alguns lances, ele nem sempre consegue tomar a decisão mais acertada.
Neste artigo, veremos as regras de futebol mais complicadas para a arbitragem e que costumam causar problemas para eles. Algumas regras deixam margem para intepretação, enquanto outras são bem específicas e pouco conhecidas pelos torcedores.
Mão na bola ou bola na mão?
Esta é uma das questões mais polêmicas do futebol. Embora exista uma tentativa de padronizar os critérios, ainda presenciamos lances semelhantes recebendo intepretações diferentes. Segundo as novas regras da International Board (IFAB), nem todo toque na mão ou braço de um jogador é uma infração. Em alguns lances, o árbitro precisa usar seu julgamento para determinar a validade da posição da mão ou do braço em relação ao movimento do jogador naquela situação específica.
Se o toque acontecer no começo do braço (junção com a axila), por exemplo, não é considerado infração. Já o toque de mão involuntário no ataque só deve ser assinalado como falta caso leve diretamente a um gol ou a uma ocasião clara de gol. O problema está justamente em interpretar se foi um toque acidental, sem interferência no lance.
Só não vale gol direto com a mão
Com a nova determinação da IFAB, se o toque acidental na mão levar seu companheiro de time a marcar um gol ou a ter a oportunidade de fazer alterar o placar, o lance não deve ser validado. Só será infração se a mão ou braço expandir a área do corpo de forma não natural. O que segue sendo infração é marcar o gol diretamente da mão/braço, mesmo de forma não intencional, ou imediatamente após a bola tocar sua mão/braço.
Na decisão da Liga dos Campeões da temporada 2014-15, contra a Juventus, Neymar teve um gol de cabeça anulado pelo fato da bola ter tocado em sua mão, mesmo que acidentalmente, antes de morrer no fundo das redes. Porém, caso a bola caísse nos pés de Messi e o argentino tivesse feito o gol, este gol seria validado.
A regra do impedimento
A regra do impedimento é de longe um das mais complicadas do futebol e já gerou polêmica em diversas partidas. A norma serve basicamente para impedir que os atacantes que não estejam participando da jogada fiquem parados próximos ao gol.
De acordo com o regulamento, o jogador fica impedido de continuar o lance ou tem seu gol anulado se não houver ao menos dois jogadores do outro time entre ele e a linha de fundo. Em caso de impedimento, o árbitro concede um tiro livre indireto para a equipe adversária. Muitos erros já foram cometidos ao longo da histórias, mas graças ao árbitro assistente de vídeo (VAR) é cada vez menos comum ver um jogo ser decidido por conta de um impedimento mal marcado. A tecnologia tem ajudado principalmente em lances de "mesma linha".
Lances de carrinho
O carrinho é a jogada em que o atleta se atira para a frente ou para o lado, projetando as pernas à frente, com o objetivo de interceptar a bola ou desarmar o adversário. Embora a atitude seja aplaudida por muitos torcedores, sendo considerada um exemplo da categoria e raça, as consequências podem ser terríveis para o adversário.
Por isso, de acordo com as regras atuais do futebol, o jogador responsável por dar um carrinho por trás deve ser punido diretamente com um cartão vermelho. A punição é dada pelo risco de jogada violenta. No entanto, há lance interpretativos, que podem causar discussões e dores de cabeça para os árbitros. Saiba mais a seguir!
Nem todo carrinho gera expulsão
Não são apenas os carrinhos por trás que geram punição. Também deve receber cartão qualquer jogador que disputar a bola pela frente ou pelo lado utilizando uma ou ambas as pernas com força excessiva, ou colocando em risco a integridade física do adversário.
No entanto, nem todo carrinho acaba em cartão. Alguns lances podem ser interpretados de uma forma subjetiva. Em algumas situações, o árbitro considera que o atleta não teve a intenção de atingir o adversário, dando apenas amarelo ou deixando o jogo correr.
O goleiro só pode segurar a bola por seis segundos
Você sabia que o goleiro pode segurar a bola por apenas seis segundos? Embora essa regra exista, ela nem sempre é cumprida pelos atletas. Eles usam esse artifícios principalmente quando querem ganhar tempo e dificilmente são punidos.
Na verdade, essa regra é aplicada de forma muito flexível, dependendo muitas vezes da tolerância do árbitro. A penalidade para esta infração é um tiro livre indireto contra a equipe do goleiro. Alguns podem ignorar a regra, mas ela ainda está lá.
Árbitro pode optar por expulsar um jogador antes do jogo
Embora seja improvável que aconteça com frequência, o árbitro tem autorização para expulsar um atleta mesmo antes do apito inicial por comportamentos como violência ou insultos. Por isso, a arbitragem deve ficar atenta a tudo que acontece dentro e fora das quatro linhas. Só assim o juiz terá condições de tomar decisões difíceis, como expulsar um jogador antes mesmo do início da partida.
A regra foi introduzida em 2016, com o objetivo de prevenir quaisquer ofensas como brigas entre jogadores no túnel antes do início da partida. Em 2017, por exemplo, o lateral-esquerdo Patrice Evra foi expulso antes da partida entre Olympique de Marselha e Vitória de Guimarães, pela quarta rodada da Liga Europa, após agredir um torcedor de seu clube ainda durante o aquecimento.
Uma falta iniciada fora da área pode ser pênalti
Você sabe o que acontece quando uma falta é iniciada fora da área e, em seguida, continua dentro da área (ou seja, o contato inicial acontece fora da área, mas o contato segue dentro)? Pela regra atual, a falta deve ser marcada onde a infração termina, ou seja, nesse caso dentro da área.
Atualmente, com o VAR, os erros envolvendo esse tipo de lance ficaram mais raros, mas ainda acontecem. Antes da tecnologia ser adotada, era comum ver também árbitros sinalizando pênalti quando às vezes a falta acontecia fora da área ou ao contrário.
Conduta antidesportiva
As condutas antidesportivas são comuns durante as partidas de futebol, mas também costumam gerar discussões. São caracterizadas como falta técnica todas as atitudes em que o jogador reclama demasiadamente, simula uma falta ou joga a bola no chão com raiva, por exemplo.
O jogador também comete falta técnica ao xingar o árbitro, ofender a torcida ou fazer gestos obscenos. Nesses casos, os atletas são punidos com expulsão direta ou amarelo. Cabe ao juiz optar pela punição mais adequada.
Pênaltis
Marcar um pênalti nem sempre é fácil para o árbitro. Às vezes o lance não deixa dúvidas e basta o juiz aplicar a regra. No entanto, em algumas ocasiões, o que vale é a sua intepretação.
Nem mesmo o VAR é capaz de dar 100% de certeza nos lances mais complicados. Por isso, não é raro ver um árbitro analisando a imagem por vários minutos no monitor. E nem sempre a tecnologia ajuda a colocar um ponto final na dúvida.
Pênalti em dois toques
Falando em pênalti, temos aqui uma curiosidade. Nem todos sabem, mas um passe decisivo é permitido durante a cobrança de um pênalti no tempo normal. Assim como em qualquer reinício, o jogador pode passar a bola para um de seus companheiros de equipe durante a penalidade máxima. No entanto, todos os jogadores, à exceção do batedor, precisam estar a pelo menos nove metros e 15 centímetros da marca do pênalti.
Foi o que Lionel Messi e Luis Suárez fizeram contra o Celta de Vigo em 2016. Em vez de chutar diretamente para o gol, o argentino apenas rolou para o lado, deixando o uruguaio marcar para o Barcelona.
Comemoração ilegal deve ser sempre punida
Após a implementação do VAR no futebol de elite, nos acostumamos a ver mais gols sendo anulados. No entanto, o árbitro não deve jamais ignorar as atitudes do jogador durante as comemorações. Sendo assim, o juiz deve manter o cartão amarelo para uma comemoração ilegal mesmo se o gol for anulado posteriormente.
Caso o atleta marque o gol e tire a camisa para comemorar, por exemplo, ele seguirá com o cartão amarelo mesmo que o gol venha a ser anulado pelo VAR na sequência. Ou seja, ele terá dois motivos para lamentar.
E se a bola estourar?
Algumas regras são conhecidas até por quem não acompanha muito o esporte, mas outras só são conhecidas pelos fanáticos por futebol. Já os árbitros não têm opção. Eles precisam estar com o regulamente bem estudado, sempre prontos para os lances mais improváveis. Aqui temos uma regra que provavelmente poucos já aplicaram, mas ela existe e precisa ser colocada em prática caso necessário.
Se um jogador marcar um gol, mas no meio do caminho a bola furar, o gol não será validado. Isso porque, caso a bola tenha furado durante o lance, ela pode ter atrapalhando o goleiro de alguma forma. O jogo deve ser parado nesses casos. Este é um cenário muito improvável, embora não seja impossível testemunhá-lo. Por isso, essa regra não pode ser ignorada pela arbitragem.
Sem interferência externa
O gol também não pode ser marcado em caso de interferência externa. Em situações em que um item externo, digamos um cachorro, garrafas ou sapatos, interfere no movimento da bola em direção ao gol, não importa o quão perto a bola esteja das redes, o gol não pode ser validado.
Em 2018, a partida entre Juventud Unida e Defensores de Belgrano, pela terceira divisão argentina, ficou marcada por um lance inusitado: um cachorro invadiu o campo e fez uma defesa em cima da linha, salvando a bola que se encaminhava para o gol. O lance improvável, porém, não fez tanta falta aos donos da casa: o Juventud Unida venceu por 3 a 0.
Gol não pode ser marcado com um jogador extra em campo
O árbitro precisa ainda estar atento à regra sobre um gol marcado com uma pessoa a mais em campo. Se, depois de um gol ser marcado, a arbitragem perceber, antes do reinício do confronto, que uma pessoa extra estava presente no gramado quando o gol foi marcado, ela deve anular o gol imediatamente.
Esse jogador a mais pode ser um jogador substituído ou um jogador expulso, por exemplo. Nesses casos, o jogo deve ser reiniciado com um tiro livre direto da posição da pessoa extra.
Não pode marcar um gol contra em uma cobrança de falta ou arremesso
Esta é mais uma regra pouco conhecida pelos torcedores, mas que deve sempre estar na mente no árbitro. Você sabia que não o jogador não pode marcar um gol contra de um tiro livre? Caso isso aconteça, o adversário ganha um escanteio. Na verdade, o atleta não pode marcar gol contra a partir de qualquer tipo de reinicialização, seja um tiro livre, cobrança de escanteio, tiro de meta, lateral ou até mesmo pênalti.
Esse tipo de lance não acontece com frequência, mas em um derby de Midlands, o zagueiro Mellberg do Aston Villa acabou jogando a bola na própria rede após cobrança de lateral durante o jogo contra o Birmingham. Se Enckelman não tivesse tocado na bola antes de ela entrar no gol, não teria contado. Azarado.
Mínimo de 7 jogadores para uma equipe em campo
Nós sabemos que uma partida consiste em 11 jogadores para cada lado, mas uma equipe pode começar a partida com sete caso seja necessário. No entanto, caso algum atleta da mesma equipe seja expulso durante o duelo, o árbitro precisa encerrar o confronto.
Isso porque a regra diz que deve haver um mínimo de sete jogadores em uma equipe em campo para que uma partida comece ou continue. Ou seja, em situações normais, um time pode receber no máximo quatro cartões vermelhos no decorrer da partida. Um quinto pararia a partida.
Um caso de time que entrou em campo com sete
Em 2021, na Bolívia, o time do Royal Pari entrou em campo com apenas sete jogadores contra o The Strongest, pela sétima rodada do Campeonato Boliviano, por conta de um surto de Covid-19. No entanto, a partida durou apenas oito minutos.
O árbitro precisou encerrar o jogo depois que Kevin Rosas, do Royal Pari, alegou uma contusão e deixou o campo. Sem o número mínimo de atletas permitido, o jogo precisou ser finalizado. No momento, o The Strongest vencia por 3 a 0.
Rebotes de pênalti
Mais um regra em relação às penalidades máximas. O cobrador de pênalti não pode tocar na bola para marcar o gol após a bola chutada atingir a trave e rebater, a menos que seja tocada por outro jogador antes.
Ou seja, a bola deve ser tocada por seu companheiro de equipe ou pelo goleiro antes de um novo chute. Só então o cobrador do pênalti poderá comemorar seu gol.
Tiro livre indireto dentro de sua grande área
Você sabia que falta na grande área nem sempre é pênalti? Não é algo muito comum e por isso acaba causando surpresa e reclamação quando o árbitro marca esse tipo de lance.
O juiz pode dar tiro em dois toques a partir dos seguintes erros do goleiro: tardar mais de seis segundos para colocar a bola em jogo depois de havê-la controlado com suas mãos; voltar a tocar a bola com as mãos depois de colocá-la em jogo e sem que qualquer outro jogador a tenha tocado; tocar a bola com a mão depois que um jogador de sua equipe a tenha cedido com o pé; tocar a bola com a mão depois de tê-la recebido diretamente de um arremesso lateral lançado por um companheiro; perder tempo. Em qualquer dessas situações, será concedido ao time adversário um tiro livre indireto, cuja bola deve ser passada para outro atleta, que deve tentar finalizar o lance.
Regra barreira
Os árbitros precisam estar sempre atualizados. Desde 2019, por exemplo, apenas os jogadores do time que está se defendendo podem formar uma barreira nas cobranças de falta. Nenhum atacante pode ficar a menos de um metro da barreira para não atrapalhar ou criar uma situação de "empurra-empurra", causando principalmente perda de tempo.
Caso o atleta não cumpra a regra e a arbitragem perceba, o time pode ser penalizado. Nessa situação, o árbitro deve conceder um tiro livre indireto para a equipe defensora.